1968 O Botafogo acabara de conquistar o Bi - campeonato estadual, domínio total na década de 60, pois já era o 4° título carioca em 9 anos, conquistando seu 14° na história da competição, empatando em números com o Flamengo e ficando há apenas 4 do então maior vencedor da época, o Fluminense, com 18. E pra coroar essa década espetacular, veio a conquista do seu primeiro campeonato Brasileiro (chamado na época de Taça Brasil) neste mesmo ano de 1968. Nem o mais pessimista dos mais pessimistas da história, nem os "scripts" de um thriller
assombroso de Alfred Hitchcock imaginariam uma agonia tão grande da torcida alvinegra, após o final da década de 60.
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Gérson levanta o troféu da Taça brasil de 68 Foto: Twitter |
21 ANOS DE ESPERA
"Quem ama sofre, mas quem ama o Botafogo, sofre numa proporção gigantesca, e mesmo assim consegue amar cada vez mais".
Existem coisas INEXPLICÁVEIS que só acontecem com o Botafogo, e depois de uma década maravilhosa, como a de 60, coroada com o título Brasileiro ,(como mencionamos anteriormente) o glorioso entrou numa espécie de "jejum" impressionante de títulos estaduais, foram nada mais, nada menos que 21 anos sem levantar o caneco carioca. Neste período infeliz para a torcida, foram apenas 2 vices campeonatos, o de 1971 e 1975, quando perdeu para o Fluminense nas duas ocasiões. Em 75 o título foi decidido num triangular final, junto com o Vasco. Nesta ocasião, calhou de o ultimo jogo do triangular ser entre Botafogo x Fluminense, que tinha um saldo de gols maior, pois havia goleado o Vasco por 4 x 1. O glorioso teria que tirar uma vantagem de 3 gols, mas venceu pelo placar mínimo de 1 a 0, gol de Ademir, ou 22 do segundo tempo. Ninguém sabia, mas era a última esperança de título do alvinegro em duas décadas.
Equipe de 1975, vice Campeã Carioca Foto: Mundo Botafogo |
86, CONTRATANDO UM HERÓI FUTURO
O ano era 1986, e um atacante promissor, chamado Maurício, artilheiro no América, desperta o interesse do então presidente Althemar Dutra. O valor do jogador foi de 2 milhões de cruzados e o passe do ponta esquerda Antônio Carlos que ficou chateado por achar que seu passe fixado em 500 mil cruzados + o Maurício, era muito pouco.
CARIOCA DE 89, MELHOR DE 4 PONTOS
O campeonato de 89 chegou, e veio com ele uma "novidade" nas regras da competição, o melhor de 4 pontos.
Para entendermos melhor, vamos fazer um resumo da fórmula da disputa.
A primeira fase (Taça Guanabara), os participantes jogaram no sistema todos contra todos em turno único e sem divisão de grupo. O vencedor foi o Flamengo e se classificou para a final
A segunda fase (Taça Rio) foi idêntica (a única diferença é a troca de mandantes em cada jogo). Todos os times jogaram no sistema todos contra todos em turno único e sem divisão de grupo. O vencedor foi o BOTAFOGO, mas por ter feito melhor campanha, ganhou 1 ponto extra, e pelas regras dos 4 pontos, disputaria no mínimo duas finais, e aquele que fizesse primeiro 4 pontos no confronto, se sagraria campeão estadual de 1989.
AS FINAIS E O FIM DO JEJUM
No primeiro jogo da final, as esquipes entraram em campo com cautela e não arriscaram tanto, um jogo morno, diferente do confronto pela taça Rio, em que se o Botafogo perdesse para o rival, estaria praticamente sem chances do título. O jogo estava 3 x 1 para o Flamengo isso já aos 35 do segundo tempo, mas o Glorioso conseguiu uma reação incrível e diminuiu aos 36'' e empatou aos 42'', reacendendo a esperança alvinegra.
Esse 0 x 0, deu ao Flamengo 1 ponto, e ao Botafogo também 1 ponto, porém com o ponto extra, somou 2 pontos e estava a 1 vitória ou 2 empates do título.
DO "PROFETA" DO SONHO FAKE AO GOL HISTÓRICO
Maurício, então principal atacante alvinegro, passou de empolgado para o segundo jogo, à preocupado em não participar, pois teve febre alta no dia do jogo e íngua, oriundas de um furúnculo. Seu desempenho estaria prejudicado pois era um atacante veloz. No primeiro tempo, não queria entrar em campo, mas os companheiros prometeram correr por ele, pois sabiam que ele sempre tinha sorte de marcar contra o Flamengo, desde a época no América.
No primeiro tempo, Maurício ficou chateado em não conseguir dar ao menos um drible, nem mesmo um pique, daqueles que estava mais que acostumado e desalinhava a defesa adversária, viu também que o lateral esquerdo Leonardo estava ganhando todas e numa ótima noite, incendiando a torcida do Flamengo. Maurício decidiu que não voltaria para o segundo tempo.
Mas um "sonho" do então técnico Valdir Espinosa e um incentivo meio que sobrenatural do Nilton Santos o fizeram mudar de idéia. No intervalo, Mauricio apático devido a febre e triste em não poder ajudar, pediu para sair, e que colocasse o Mazzolinha em seu lugar, mas Espinosa o contou um "sonho": disse que sonhou que ele faria o gol do título, e disse que não podia lhe tirar por causa do sonho. Mas adiante, Nilton Santos chama Maurício no canto e diz:
- Vai lá, ele vai estar em campo com você.
Maurício retruca:
- Ele quem?
Nilton responde:
- O Mané Garrincha, ele vai estar lá com você...
Maurício entrou em campo, incentivado pelo "sonho" mentiroso de Espinosa e o encorajamento sobrenatural de Nilton Santos e num cruzamento perfeito de Mazzolinha (que entrou no segundo tempo) aos 12 minutos sai finalmente o gol salvador, escorando para o fundo da rede adversária! A torcida alvinegra vai a loucura, e depois disso, nada mais aconteceu que tirasse da garganta Botafoguense o grito entalado há 21 anos de CAMPEÃO.
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O gol eterno do fim do jejum nos pés de Maurício com a mítica camisa 7 Foto: Terra |
Ficha do jogo
Dia 21 de junho de 1989
No maracanã – decisão do campeonato carioca – Botafogo 1 x Flamengo 0.
Gol de Maurício.
Juiz: Walter Senra.
Renda: R$ 302.592,00
Publico: 56.412 pagantes.
O Botafogo foi campeão com: Ricardo Cruz, Josimar, Wilson Gotardo, Mauro Galvão e Marquinhos, Vitor, Carlos Alberto e Luizinho, Mauricio, Paulinho Criciúma e Gustavo (Mazzolinha) / Técnico: Valdir Espinosa.
Flamengo: Zé Carlos, Jorginho, Aldair, Zé Carlos II e Leonardo, Ailton, Renato e Zico (Marquinhos), Alcino (Sergio Araújo), Bebeto e Zinho / Técnico: Telê Santana
Cristiano de Morais
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