Da água para o vinho

Embalado por 3 vitórias seguidas o Botafogo entrou em campo para enfrentar o vice líder Internacional, mais leve por conseguir se livrar do fantasma do rebaixamento e o colorado precisando desesperadamente da vitória por continuar a perseguição ao líder Palmeiras. Foi nesse cenário que os 19 mil torcedores Alvinegros, foram ao estádio Nilton Santos, com a esperança de ver uma boa partida e mais uma vitória do Botafogo e as duas promessas acabaram cumprindo-se.

Erik armando o chute do gol da Vitória Alvinegra.
Crédito da foto: O Globo 

O jogo começou de baixo de um forte sol e o Botafogo logo deu as cartas da partida, se impondo como mandante e não se intimidando com o adversário postulante ao título. O Inter jogava de forma cautelosa, mesmo precisando da vitória. E as chances do Glorioso foram aparecendo nos pés de Léo Valência, primeiro aos 4 minutos com um chute da meia lua que passou por cima do gol e depois numa falta na entrada da grande área que foi cobrada com muito perigo, o goleiro Marcelo Lomba apenas acompanhou com os olhos e a bola raspou o poste direito. O Inter não conseguia criar perigo a meta de Gatito, tanto que o lance mais agudo ocorreu após um cruzamento de Nico López que foi jogada para escanteio de forma meio atabalhoada por Igor Rabello. O Fogão não jogava com chutão, trabalhava bem as jogadas e triangulações, Marcinho se apresentou diversas vezes ao ataque, Erik mostrava sua intesidade e habilidade habitual, Matheus Fernandes, que já possui proposta do futebol Europeu, fazia uma partida de gente grande fechando o meio com Lindoso e conduzindo a bola ao ataque, muitas vezes devido a forte marcaçao dos Gaúchos e foi numa dessas investidas que aos 42 minutos ele cruzou da direita da grande área numa parábola perfeita, o lateral Zeca foi dando passes para trás no desespero de tentar chegar na bola mas acabou errando no cálculo, pois o destino da pelota estava decretado e era o peito de Erik que a dominou com categoria e finalizou forte no canto de Lomba. Belo gol do Fogão para delírio da torcida que parece não acreditar no que se transformou a equipe. E assim terminou o primeiro tempo com 1x0 pro Bota.
O Segundo tempo foi de fortes emoções, o Inter adotou uma postura mais ofensiva, porém o Botafogo continuou controlando o jogo e tendo as melhores chances de gol, com uma forte marcação e boa compactação. Aos 10 minutos Marcinho chutou forte e Marcelo Lomba fez grande defesa, aos 12 Brenner ganhou disputa no meio e arrancou em direção ao gol, ao tentar driblar o goleiro perdeu a bola para o arqueiro. Aos 16 numa falta do Inter jogada no meio da área,  Brenner cabeceou contra o próprio patrimônio e Gatito numa defesa difícil e de plasticidade voou no angulo jogando para o escanteio. Aos 25 Kieza entrou no lugar do apagado Brenner para dar maior mobilidade e velocidade a linha ofensiva Botafoguense, já que o Inter se lançava ao ataque e os espaços começaram a aparecer em sua defesa. A mudança de Zé Ricardo mostrou-se acertada. Aos 33 a grande chance de liquidar a partida. Gatito deu um chutão para o ataque, a bola foi escorada por Kieza entre dois zagueiros e acabou sobrando livre para Léo Valência cara a cara com Marcelo Lomba, o chileno tinha varias opções para concluir a jogada, mas de forma bizarra conduziu a bola até os pés do goleiro. No minuto seguinte Luiz Fernando foi sacado e Pimpão entrou para dar um novo gás e aos 37 num rápido contra ataque Kieza pelo meio acionou pimpão que entrava livre pela direita, Lomba se adiantou para diminuir o ângulo do atacante, Pimpão deu uma cavada na bola mais o Goleiro se esticou e fez a defesa no alto. A partir daí o Inter foi pro tudo ou nada e começou a lançar bolas na área do Botafogo, mostrando o desespero em conseguir ao menos empatar a partida. E as chances começaram a aparecer. Aos 39 Rossi cruzou e Rodrigo Moledo chutou de forma estranha mas com perigo e Gatito fez uma boa defesa no canto esquerdo. O confuso Juiz Rafael Traci  do Paraná sinalizou incríveis 8 minutos de acréscimo e esse exagero no tempo extra acabou trazendo mais emoções e dor de cabeça. Aos 49 Edenilson cruzou, Damião escorou e Rossi se jogou na bola em frente a Gatito mas não a alcançou. No fim dos acréscimos o tempo fechou. Pimpão deu um carrinho por trás em Wellington Silva que não gostou e deu um soco no atacante Botafoguense. O Juiz não titubeou e expulsou o jogador do Inter e amarelou Pimpão, gerando a revolta dos colorados e uma confusão geral em campo. O árbitro não satisfeito ainda acresceu mais dois minutos e numa ultima jogada do Inter que foi interrompida com uma falta marcada, o Zagueiro Rodrigo Moledo de forma destemperada peitou e empurrou o Juiz que aplicou o segundo amarelo e expulsou mais um jogador do Inter e para não ter mais problema ergueu o braço e sacramentou a justa e merecida vitória Botafoguense.
A torcida sabe que o time é limitado, principalmente na parte ofensiva, mas o jeito que a equipe vinha jogando não era condizente com a qualidade do nosso elenco. Não temos um time que consiga ser campeão num Brasileiro de pontos corridos, mas também não temos um elenco para flertar com a zona de rebaixamento. A mudança aconteceu da água para o vinho, saímos de um estado de preocupação e alerta máximo para um estado de euforia e confiança impensado há algumas rodadas. Zé Ricardo ajeitou a equipe principalmente defensivamente. Hoje estamos na nona colocação e talvez seja uma posição que retrate melhor o nível de nossa equipe, mas a nossa curva é de subida, justamente no momento decisivo, na reta final do campeonato e como a moral ta lá em cima, então vamos olhar pra cima, mirar o alto da tabela e matematicamente a pré libertadores é ainda improvável porém possível, portanto não custa nada sonhar e mesmo que ao fim o sonhe não se torne realidade, devemos dar aplausos aos jogadores e comissão técnica por honrarem com luta a nossa história.

Que venha o Santos de Cuca!

Rafael Costa
 

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